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Além da pandemia e da guerra - Gabriel Piernes

20/08/2022 00:00




Além da pandemia e da guerra

Por Gabriel Piernes **

(O autor deste texto tem 18 anos, nasceu em Brasília e vive na Bélgica)­

Todo ano é diferente. O ano de 2021 foi muito diferente de outros principalmente pela pandemia que eclipsou importantes acontecimentos e o de 2022 que marcha para os seus últimos meses carregando muitos interrogantes para o mundo. 

Entre esses acontecimentos cito a invasão do Capitólio em Washington, o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moise, os Jogos Olímpicos sem publico, o Talibá dominando Afganistão, e já em 2022, o conflito Rússia - Ucrânia, a crescente tensão entre as maiores potências, e uma elevação dos gastos militares. 
Esses sem mencionar a inflação de quase 10% na zona do euro que mexeu nas minhas diminutas finanças pessoais. Explicam os economistas que a inflação alta foi produto de aumento dos preços da energia, entre eles o petróleo.
Eu senti no bolso o impacto cada vez que tive de abastecer minha motoneta, que uso para o transporte e para aproveitar os fins de semana livres para conhecer melhor Antuérpia. Imagino como se sente um chefe de família quando aumenta la energia elétrica e para calefação e deve abastecer um carro. Bom, volto ao meu pequeno mundo.
Quando eu tinha 14 anos pensava que queria estudar para ser um epidemiologista. Pode ser porque eu tinha assistido a filmes donde esses cientistas eram os que salvavam mais gente que os heróis tradicionais.
A pandemia mostrou para milhões que sem esses profissionais resultaria impossível diminuir os impactos terríveis das pestes. O trabalho conjunto de cientistas de vários países para chegar a vacinas contra o Covid-19 foi incrível e para mim um dos fatos mais importantes de todos dos que eu acompanhei. 
Que alivio foi tomar a vacina contra o vírus que tanta gente matou pelo mundo. Nem senti a picada da agulha. Sei que a vacina é apenas uma das armas para prevenir o contagio porem é muito importante. Parece mentira que muitos ainda nao quiseram receber vacina em 2022. Não sei como será o futuro porem eu estou certo que seguirá por algum tempo com todos nos.
Dentro da desgraça da pandemia, com mais tempo forçado em casa, tive a oportunidade de escutar mais música, uma das minhas paixões que me acompanha desde que tenho memória.
Aproveitei as diferentes plataformas para ouvir grandes músicos, e obras fantásticas. Escutei belas musicas de diferentes países que não tinha ouvido antes. Algumas até consegui executar no meu teclado. Penso, sem ter pesquisado no assunto, que muitas obras importantes devem ter sido realizadas durante as pestes que assolaram a Humanidade.
Em 2021 fiquei impressionado pelas enchentes na Bélgica e Alemanha. Não foram chuvas apenas fortes. Todo indica que tantas chuvas foram também resultado das mudanças climáticas. As tormentas são, cada dia, mais violentas. Vejo que cresceram os tornados em locais onde não tinham registros desses fenômenos.
Fico triste porque sabemos que muito é da responsabilidade e dos humanos. E realmente entristecedor ver imagens de destruição na selva amazônica, a maior floresta do planeta. Milhões de arvores são cortados todos os anos, apenas para abrir terras para plantações de soja ou pastagem de gado. Outras vezes apenas para que alguém queira a propriedade das terras.
É não é somente ver o fim da cobertura vegetal. Nas selvas são o habitat de milhares de pássaros, animais e insetos de todos os tipos. Que pena essa brutalidade contra a Natureza!.
Penso que às vezes essa Natureza busca o equilíbrio após tanta destruição e o mar recupera terras, os rios avançam, e novos vírus chegam às cidades. Os que vivem perto do mar serão os que mais sentirão as consequências das mudanças climáticas porque o mar avança cada ano.
Pelas limitações físicas impostas pela pandemia mais do que nunca tive de utilizar a tecnologia para seguir estudando. Foi excelente me manter ligado aos seres queridos, trocar ideias com os amigos.
Com a tecnologia entrei em museus fantásticos de todo mundo. Além dos quadros de Rubens, com os quais estamos bastante familiarizados, visitei museus onde estão expostos pintores clássicos que nos permitem saber como era a forma de vida em séculos anteriores. Também tive de entrar em bibliotecas, pesquisar trabalhos de diferentes especialistas para acompanhar as necessidades dos meus estudos.
Em 2022 tive contatos com alguns refugiados de guerras ou que escapavam dos seus países por perseguições políticas ou religiosas, às vezes porque morreriam de fome de continuar vivendo onde nasceram. Também me aperfeiçoei em várias línguas o que me permitiu melhorar a comunicação com pessoas de outros países, de diferentes continentes.
Os refugiados me ajudaram a dar mais valor do que tenho. A maioria chegou sem nada. Estou agradecido pela escola, pelos amigos, pelos familiares, pelos professores. Eles me mostraram que a vida pode ser muito dura.
Tenho planos para percorrer com a minha motoneta diferentes pontos do país. Alguns acham perigoso andar em duas rodas porem em 2021 aprendi a estar mais atento a segurança da vida e a desfrutar mais dela.
Ainda não optei pela carreira para ser um epidemiologista, ou um músico, especialista em tecnologia ou se trabalharei numa instituição internacional que proteja refugiados. Porém eu sei que estou um pouco mas preparado para seguir adiante. 
** Gabriel Piernes, jovem brasileiro que mora e estuda em Antuérpia, Bélgica
* Foto Antuérpia - Travel Safe  



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