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Capitulo 18 - Meio Ambiente

05/10/2022 00:00




­Capitulo 18  -  Meio Ambiente    (2022)

O Meio Ambiente, negligenciado pela maioria dos políticos, seria tratado de outra forma, se houvesse mais poetas no poder.

Para salvar boa parte da Humanidade que é, e será ainda mais, vítima das mudanças climáticas teria de acontecer uma convergência entre mercado, tecnologia e política, já dizia Bill Gates. Realmente seria um milagre gigantesco.

Enquanto esse milagre não chega, a poluição segue envenenando ar e água; a ambição descontrolada impera devastando selvas e aniquilando flora e fauna; as calotas polares continuam derretendo; o assoreamento de rios provoca enchentes sem precedentes; secas e chuvas, calor e frio batem recordes seculares.

É crescente a falta de água boa para milhões em todo o planeta. Um décimo dos países possui duas terças partes do total da água. Na América do Sul, teoricamente deveríamos ficar à margem da tensão pela disputa de água. Sim teoricamente. A realidade é diferente. Por exemplo, hoje o Brasil produz 20% dos alimentos do mundo e quase 30 milhões de brasileiros passam fome diariamente ou se encontram em "situação de insegurança alimentar", na irritante definição burocrática. O problema é a distribuição injusta, de falta de políticas publicas, e assim falta comida e água. 

O Instituto de Economia e Paz (IEP), com sede na Austrália, advertiu sobre o deslocamento massivo de 1,2 bilhões de pessoas no mundo todo até 2050 devido às crises climáticas. O estudo do IEP calcula que 2,6 bilhões de pessoas no mundo sofrem estresse hídrico na atualidade, um número que deverá aumentar para 5,4 bilhões de pessoas em 2040.

Outro relatório afirma que por volta de 40% da população mundial é "altamente vulnerável" ao estado do clima. Existia uma esperança de que o aumento das temperaturas ficasse 1,5 grau Celsius acima dos níveis da era pré-industrial. A esperança se esfumou com o crescimento da queima de carvão e petróleo para as necessidades energéticas, uma das conseqüências do conflito russo-ucraniano.

Em 2022, por primeira vez na história do planeta conhecido pela humanidade, os pólos Norte e Sul registraram hiper perdas de gelo. Nessas regiões o aumento da temperatura atingiu níveis recordes no Ártico e Antártica. A União Internacional para a Conservação da Natureza afirmou que um terço das espécies animais classificadas no mundo estão ameaçadas de extinção.

Quando participei, na última missão como representante da OEA, na Eco92 no Rio de Janeiro, tive a sensação que o mundo ia dar uma virada em favor do meio ambiente. Foi apenas um ínfimo avance perante o gigantesco desafio de um cenário apocalíptico.

Tudo que é hoje realidade ou sólida previsão dos cientistas, poderia ter sido evitado. Pode ser que aconteça o milagre da união do mercado-tecnologia-política imaginada por Bill Gates ou um milagre ainda maior: que passem a imperar a justiça, a ciência e a fraternidade. 

Por ter sido afortunado escriba testemunha da história, por ter sido abençoado pela amizade e ensinamentos de seres iluminados em quatro continentes, pelo amor gigantesco a Natureza, só me resta desejar com toda a minha alma que o milagre aconteça. Na espera do milagre, escrevi um conto e um poema. Aqui o poema.

Terra amada, perdão
Quem se concentra no próprio umbigo
deixa passar a vida apenas, quase castigo.
Será ainda mais infeliz, pobre e inseguro
com o rumo ambiental de preocupante futuro.

Faltará comida, água, segurança e moradia,
sobrará medo das surpresas de cada dia.
Este aviso quase poesia não é ao Planeta,
é para os ingratos que mamaram nessa teta.
Humilde pedido de perdão à Terra generosa
dos que agradecem pela flor cheirosa,
a magia diária, pontual, bela, da aurora
pelo giro espacial a mil quilômetros/hora.
Natureza devastada, poluída, e ainda pior,
pela ambição, burrice ou corrupção maior.
Muitos matam água e verde para somar ouro
e agora temem, covardes, pelo seu próprio couro.
Chegam incontroláveis respostas radicais,
tempestades, terremotos, penúria para mortais.
Somem geleiras e florestas, pântanos secam
o mar avança e rios assoreados lares inundam.
Calor/frio extremos, chuva demais/de menos,
tantos famintos e sem teto, pouco fazemos.
Flora e fauna mínguam sem efetivas respostas
das lideranças tortas ou falsas elites ... bostas!
Um sistema claudicante escolhe representantes,
carentes de idéias salvo manter tudo, como antes.
Recuperemos as palavras certas, vergonha e foco
para escapar do grave, gigantesco, global sufoco
Abandonar palavras que ocultem condutas, fatos,
deixar de mentir, ser cúmplices dos assassinatos.
Chega de insensatos egoísmos! Sem tempo
de celebrar ignorância/ morte. Jogo limpo!
Momento de trocar método, produto, costume,
de atender à ciência para não virar estrume.
Tempo de enxergar, limpar, sarar, respeitar
E por primeira ou por última vez, amar.

Imagem: Os jardins, Claude Monet



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