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Quanto mais bombas melhor? - Roberto Garcia

28/10/2023 00:00




Quanto mais bombas melhor? 

de- Roberto Garcia **

­A economia americana cresceu no terceiro trimestre a uma taxa de 4,9 por cento, graças ao entusiasmo dos consumidores para gastar, apesar dos juros altos, e aos dispendios do governo na área da defesa (que os mais céticos chamam de economia do ataque). Estão bombando. Quanto mais bombas (na cabeça de outros, longe), mais cresce a economia, a euforia se instala, fica uma maravilha.

Há sempre os pessimistas que encontram perigos. Acham que o clima de guerra está se espalhando, enormes regiões do planeta entrando em convulsão, do norte da Europa ao Oriente Médio. Gente em geral conservadora, como o velho Kissinger, sente o cheiro de 1914, que precedeu a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Naquele caso, a situação esquentava em vários lugares, tensões aumentavam. Bastou um pequeno incidente, assassínio do arquiduque Franz Ferdinand, do Império Austro-Húngaro, em junho de 1914, para que a guerra explodisse. Um nacionalista sérvio, do grupo Mão Negra, cometeu o crime. O governo austríaco achou que a Sérvia tinha sido responsável, deu um ultimato exigindo punição exemplar, que não aconteceu, e aí declarou guerra. Parecia um caso menor, mas essa declaração, em 24 de junho, foi o estopim. Ninguém mais segurou.
Quando a guerra terminou, no fim de 2018, 14 milhões de pessoas tinham morrido.

Os acordos de assistência automática (se um é atacado, outras partes no acordo correm para defender), o imperialismo (um país acha que se aumentar seu território, controlando outros, fica mais poderoso), o militarismo (a corrida armamentista, com mais instrumentos de guerra, crescimento das forças armadas), o nacionalismo ( a busca de maior independência), o assassínio de líderes -- muitas foram as causas. Essa era a guerra para acabar todas as guerras. Foi a causa para a Segunda Guerra Mundial, onde as mortes se multiplicaram.

A escalada não para. Há sempre uma boa razão para matar o vizinho. Os fabricantes de armas ganham. Em seguida vem a prosperidade, um grupo acha que ganha se acirrar o conflito. Os religiosos acham que Deus está do lado deles, matam mais, a causa vira sagrada. O outro lado está com Satanás, tem que ser destruído.
O padrão é mesmo, variam os detalhes. Estamos embarcando no trem da alegria. Quanto mais radical, mais popular fica.

Melhor parar, antes que se complique.

**  Roberto Garcia - Jornalista
Imagem de bombardeio - agencia de notícias AFP



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