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Alimentos ultraprocessados antiéticos - Roberto Garcia

01/03/2024 00:00




Alimentos ultraprocessados antiéticos

Roberto Garcia **­

Parece simples, inocente, uma iniciativa para facilitar a vida de gente ocupada ou que não tem alternativa. A grande empresa produz comida em massa, com ingredientes supostamente naturais, mas sem gosto. Para torná-la mais atraente acrescenta um pouco de químico aqui, um pouco ali. Um para preservar, fazer com que dure, em vez de horas dure alguns meses. Outro pouco é para colorir, o que é escuro, cinzento, repelente, fica mais bonito, dá vontade de comer. Ainda mais para substituir o ingrediente caro pelo barato, que permita um lucro maior. E vai assim, sempre com desculpa, tem não só que alimentar mas gerar grana. Por aí vai.

Em alguns casos, tem que dizer o que tem, os componentes, o conteúdo. Que alguém simples não sabe, não vai conseguir entender. Mas confia. Não imagina que alguém em sã consciência, marca famosa, lá do estrangeiro, possa fazer algo que faz mal.

De vez em quando o manda-chuva de uma dessas empresas acaba confessando, como fez o presidente da Nestlé. Disse que os seus produtos, todos, sem exceção fazem mal. Tipo o Danone, o Danoninho, feito para criancinhas. Ou o queijo onde, em vez do que se pensa, tem pó de serra. E o potinho que a mãe dispensa à criancinha, da fruta, da verdura, tem uma maçaroca, porcaria pura.

Basta olhar no supermercado, as longas prateleiras, vindas de caminhão, sabe lá de onde. Hoje eles são os que tomam o maior espaço. O natural de verdade é só um minúsculo cantinho.

E aí vem o estudo dos pesquisadores que dá o recado. Esses produtos ultraprocessados são a razão de 32 problemas de saúde, os que mais mal fazem e os que matam. Puro veneno, por atacado, que você come, paga uma grana das grandes, acha que sacia por algumas horas, quebra o galho, é mais rápido. Encurta a sua vida, torna seus dias um sacrifício.

Está no Washington Post de hoje. São pães, cereais, lanches, congelados, que fazem um mal danado. De doenças do coração, angústia, ansiedade, morte prematura.

Os fatos são em geral desconfiados. Já se sabia, pelo menos um pouco. Que a ingestão dos chamados ultraprocessados causa aumento de peso, obesidade, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e outros problemas crônicos.

Lá foram os pesquisadores fazer levantamento sério, com uma amostra de quase dez milhões de pessoas, nos últimos três anos, em lugares múltiplos. Com um detalhe: nenhum desses estudos recebeu financiamento, doação, grana de qualquer tipo das empresas produtoras desses alimentos. O que fez grande diferença.

Vieram agora os resultados, publicados na revista científica BMJ, a British Medical Journal. Impressionante. Acharam comprovantes convincentes de que os ultraprocessados estão ligados a um risco superior a 50 por cento de morte por doenças cardiovasculares. Os riscos são semelhantes de doenças mentais comuns, de diabetes tipo 2, insônia e depressão. Esse seria o motivo da redução da expectativa de vida e das doenças crônicas.
Que são, afinal, esses ultraprocessados? São as refeições congeladas, os cereais adocicados, batatinha frita, alimentos rápidos. O surpreendente é que isso tudo constitui 58 por cento do consumo diário de energia nos Estados Unidos. Inclui-se nisso a merenda escolar. Descobriram que, na verdade, raramente incluem comida de verdade. Seus ingredientes são amidos, açúcares, óleos e gorduras, alterados quimicamente.

A sugestão da revista é que os países membros da ONU criem um tratado semelhante ao que foi estabelecido, anos atrás, para combater outro produto assassino, os cigarros. A conclusão é que não é ético alimentar a população com os ultraprocessados, esperar que ela fique doente e depois morra.

** Roberto Garcia - destacado jornalista internacional 
imagem - Endocrino


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