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Pirro no século XXI - Guillermo Piernes

13/03/2024 00:00




­Pirro no século XXI 

de Guillermo Piernes **

Caso o governo do economista Javier Milei consiga equilíbrio fiscal e reduzir a inflação a um dígito será uma vitória a lo Pirro, o Rei que ganhou dos romanos uma batalha que custou tantos soldados macedónios e gregos que inviabilizou o trunfo final. 
O foco no combate a inflação, com grandes recortes orçamentários nas pautas sociais, educativas, sanitárias, fez alcanzar o maior nivel de pobreza já registrado na Argentina (57%) e a milhares a sofrer fome, diariamente.
Mas no terreno internacional permito-me ver problemas ainda mais graves, novas vitórias pírricas. O governo argentino está criando um clima de próximas tempestades ao abandonar os melhores roteiros da diplomacia e partir para ações imediatistas que levantam interrogantes se Argentina será conduzido a ser um estado belicista, num mundo a beira de confrontação.
Diplomacia é sensatez. Venezuela e Argentina atravessam a maior crise no seu relacionamento da história. O governo argentino fez a apreensão de um grande avião de carga venezuelano que estava na lista de servir empresas condenadas nos Estados Unidos. Em resposta, o governo de Caracas proibiuu as aeronaves que provenham ou voem a Argentina a usar o seu espaço aereo. Uma diplomacia sensata autorizaria a decolagem logo para tirar a batata quente do seu panorama político. Se fez o contrário.
O governo de Milei prefiriu agradar Estados Unidos e partir para o confronto com Venezuela, que foi um dos paises que mas apoiou Argentina na guerra das Malvinas, alem de um vínculo histórico desde a guerra da Independencia do Imperio espanhol.
Sobre as Malvinas, Grã Bretanha ampliou a área de explotação economica em volta das ilhas que ocupou em 1822 desplazando o governador enviado de Buenos Aires. Assim Grã Bretanha deu claro sinal que não considera a devolução da soberania nem para as propostas de exploração conjunta de petróleo e peixes na região. Valeu a pena o gesto de Milei para Estados Unidos? Vale lembrar que depois de uma fracassada mediação, Estados Unidos passou a dar apoio logistico a Inglaterra durante a guerra de 1982, que nunca renegou o seu posicionamento no conflito.
Rejeitar o convite para integrar o Brics não parece a decisão diplomatica mais acertada, porque esse grupo esta longe de ter uma ideologia comum e é um espaço que impulsa investimentos e gigantescas compras de grãos e matérias primas. principalmente por parte do maior parceiro, China. Poderia integrar o grupo e ficar queto, como corresponde a um país que não tem peso para virar situações mundiais. É vender mais carne e graões para melhorar as contas.
O presidente argentino visitou Israel, no meio de uma guerra que ja custou umas 34.000 vidas, umas 32.000 do lado palestino. Entrar na briga do Oriente Médio, de graça, acredito que não é a melhor decisão para os sonhos de paz do povo argentino. Para uma colonia americana faz sentido. Que buscou o presidente da Casa Rosada em Israel, nesses dias?
Não foi vender armas porque Argentina nem produz muitas armas, apenas umas poucas sem importância estratégica. Não foi vender alimentos. Numa nação dividida como é a atual Argentina acaba por alimentar mais divisão, com tantos judeus e árabes na população.
Tal vez o rabino de Nova Iorque que assessora espiritualmente a Milei, tenha as respostas.

** Guillermo Piernes: jornalista, escritor e exdiplomata
* Quadro Vitória de Pirro - Jesús León, pinterest.pt



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